O talento artístico, essa coisa cada vez mais desprestigiada numa sociedade de espetáculos, aonde juízes são as grandes celebridades dos tapetes vermelhos e dos holofotes da mídia, Garoto provavelmente teria o mesmo destino. Morrer aos 39 anos de tanto trabalhar e não ser reconhecido em vida o gênio que foi. A escola de violão do Brasil é a melhor do mundo. João Pernambuco, Garoto, Baden e agora Guinga são os pilares dessa escola. Artistas que se dedicaram a compor para o instrumento mais representativo da musica brasileira.
Cada um com seu estilo inaugurando inclusive novos mecanismos técnicos, fez da existência de nossa escola, um lugar perfeito para observarmos o estatuto do violão a cada tempo como a própria fotografia das artes brasileiras no mesmo tempo.
O aprofundamento do estudo de Garoto nas harmonias, é sua principal marca como compositor de obras para violão, mas as melodias, indispensáveis a uma grande obra brasileira, tem o mesmo nível de elaboração que justificam a sofisticação harmônica da obra de Garoto.
Cientes de sua magnifica obra Garoto, certamente será homenageado como fará o Clube de Choro de Santos, muito mais pelo trabalho incansável dessa turma em elaborar cada vez mais e melhor formas de compartilhar com os brasileiros o legado deixado por Garoto do que pela ação do Estado.
Cada período da historia de nossa escola de violão é marcado proporcionalmente pelo descaso de nossas instituições culturais oficiais com o representante da época. Naturalmente a musica que será executada com mais intensidade nesse domingo, dia 28 de junho, quando completam os cem anos do nascimento de Garoto, será a sua música, sua obra que é vasta, também para bandolim e muitos outros instrumentos de corda, nas praças, quintais, até em palcos, pela força da própria obra desse gênio do violão brasileiro.
Carlos Henrique Machado Freitas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário