sábado, 20 de fevereiro de 2016

As 3 irmãs do choro no Choro das 3


E é nas 7 cordas do violão de Lia, ou no bandolim de Elisa, se perdendo no sopro de flauta de Corina, amarrando tudo no ritmo do pandeiro do pai Eduardo. Quer mais? Queira, que Choro das 3 é tudo de bom neste universo de sons. As 3 irmãs do Choro das 3 são personagens nesta entrevista concedida a Luis Nassif, do Jornal GGN.
Lia começou com 6 cordas, tinha aula com Luizinho, aqui em São Paulo. Daí Luizinho mudou, fazendo com que a moça se bandeasse para o lado das 7 cordas, tendo aulas com Galhardo, já conhecido da família.  Lia entende que a maior mudança ocorrida no violão de 7 cordas, nos últimos tempos, é a divisão em duas escolas: a do Dino e a do Rapahel Rabello. A violonista prefere seguir a escola do Dino mas, depois do Raphael Rabello, ela sente que o “7 cordas passou a ser uma função solista também”. “Inclusive a gente vê, hoje, muita gente tocando que a gente brinca que virou uma metralhadora. Fazer harmonia, dar base para o conjunto, deixou de ser prioridade”, critica ela.
Corina lembra que o conjunto de choro traz as características de uma formação barroca, mas com instrumentos populares.
Elisa tinha um bandolim do Lineu Bravo que empenou, um mês antes do Festival em Paris. O pai havia trocado as cordas e, sendo mais pesada, empenou o bandolim. O Lineu não iria arrumar, ela chorou, daí o Manuel disse que ela ia gostar do bandolim dele. Este Manuel é o Luthier Manuel Rodriguez. E ela comprou. E foi com este que foi para o Festival. Na volta, apaixonada pela guitarra portuguesa, Manuel mostrou duas folhas de jacarandá e disse: “esse aqui vai dar um bandolim”. Daí, o bandola já com forma, ele deixou com um som meio de guitarra portuguesa. “E ficou maravilhoso!”, disse ela. E ele queria que fosse um protótipo, mas morreu antes de fazer uma série.
Nos Estados Unidos, as tarraxas do bandolim começaram a se soltar. A mãe da menina falou para ela ligar e reclamar da mercadoria. Ela não ligou. Depois soube que as tarraxas se soltaram no dia em que ele começou a passar mal, enfartando.
E Corina, com sua flauta. Ela diz que o Brasil tem uma linguagem própria de flauta., na maneira de se tocar, e Benedito Lacerda é seu grande ídolo. Benedito criou um estilo, explica Corina, antes era mais quadradinho. Daí ele deu um balanço diferente. E mesmo Altamiro, que veio depois. Mas hoje, no Brasil, a flauta tem muito a influência do jazz.
E eis aqui, muito prazer, o Choro das 3. Um grupo mais que familiar formado pelas três irmãs: Corina (flauta), Lia (violão de 7 cordas) e Elisa (bandolim, clarinete, banjo e piano), e o pai, Eduardo (pandeiro).
O grupo se dedica à música instrumental brasileira, tendo como base o choro, gênero instrumental que surgiu no Brasil no séc. XIX. Já se apresentou em todo o Brasil e exterior, sendo considerado um dos principais e mais representativos grupos de choro do Brasil e do mundo.
JornalGGN
Continue Reading...

Followers